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A escrita acadêmica do homo academicus (Parte 3)



Continuando com a sequência de artigos sobre a escrita, em que abordaremos aspectos das características epistemológicas do estudo que deu origem ao artigo acadêmico que será divulgado, bem como sobre o campo acadêmico e os pesquisadores que habitam esse espaço. Esses são aspectos que também influenciarão, em geral, esse tipo de escrita.


Os termos, palavras e tipos de verbos que empregamos na escrita para descrever os achados revelam um pouco das características epistemológicas do estudo. Em nossa sociedade as epistemologias hegemônicas seriam: o positivismo, o funcionalismo e o sistemismo. Para ser mais direto, sabendo que simplificações podem gerar mal entendidos, quando um estudo se relacionar ao positivismo serão utilizados, em geral, expressões que denotam uma verdade como sendo única e possível — por exemplo: certamente, verificado, é dessa forma. Entretanto, diferente das ciências físicas ou biológicas, nas ciências sociais, acreditamos que nem sempre apenas um caminho ou resposta podem ser encontradas nos estudos, exigindo verbos e termos diferentes.


No livro Homo Academicus, Pierre Bourdieu aborda o próprio campo de atuação, a academia, ao realizar uma topografia social e mental do mundo universitário. A academia, local habitado pelos pesquisadores, ou como alguns preferem, os cientistas, segundo Bourdieu existem obstáculos nesse contexto, em que o saber e o poder transitam lado a lado. Entre outros aspectos desse estudo, sendo que neste artigo destacarei apenas a importância e influência da origem social e dos capitais (econômicos, culturais e sociais) que os pesquisadores acumularam em suas trajetórias de vida e no próprio ambiente acadêmico.


Ademais, observamos, por um lado, que o elevado nível de conhecimento cultural e educacional contribuem no processo de escrita, em especial nos aspectos linguísticos. Por outro lado, os capitais econômicos e sociais, que também influenciaram na formação educacional e no tipo de relações que se constituem nesse campo. São aspectos socioeconômicos que resultam em distinções entre os pesquisadores e resultam em reflexos diretos e indiretos, não apenas na escrita, mas no "fazer" da pesquisa e nas trajetórias possíveis nesse campo, o que não aprofundaremos por aqui, mas desenvolveremos com maior clareza e profundidade em estudos futuros sobre a escrita e os métodos acadêmicos.


Por fim, o propósito de hoje foi destacar que nossas origens, a qualidade da formação, ou seja, nossa bagagem cultural e educacional refletirão no processo da escrita acadêmica e em nossa caminhada nesse campo. Além disso, refletir sobre a disponibilidade econômica que possibilitará, para alguns, acessar, por exemplo, serviços de revisores ou tradutores, mas não somente isso. Tais acesso e formação podem facilitar e tornar o caminho, por vezes, mais tranquilo. Identificar esses aspectos do campo podem evitar a auto cobrança exagerada no início deste processo, além de reconhecer a existência de obstáculos e das relações de poder, por vezes, ocultos. Assim, reconhecer que essas diferenças existentes entre os acadêmicos contribuirão e influenciarão os processos para a realização dessa atividade.

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